quarta-feira, 25 de julho de 2012

Literatura de cortar os pulsos

Não sou profeta, nem faço pretensões de o ser, mas acredito que até ao final da Humanidade, a comédia irá sempre ser desvalorizada em relação ao drama. Sempre o foi até aqui e será até ao fim. Penso eu de que.
As pessoas preferem mil vezes ler algo deprimente, do que algo hilariante ou pacífico. Preferem ficar chocadas e tristes do que alegres e risonhas. Acho ridículo. Mas as pessoas são masoquistas.
Eu também já escrevi textos corta pulsos. A expressão não é minha mas façamos de conta que é. 
Não sou grande - nem sou sequer amador - escritor. Nem desejo ser. Não tenho vocabulário suficiente. Nem sou o maior dos leitores. Mas a escrita sempre foi um escape do mundo. É o falar sozinho que ninguém considera loucura. Tudo o que escrevi de deprimente, foi num momento de loucura ou obsessão, em que de repente o mundo parecia desabar, em que tudo caia à minha volta, e na realidade era só eu, que não me queria levantar. Quando me apercebia do quão deprimente e triste era, ria-me. Porque acho algo desnecessário à nossa vida. A vida já por si é deprimente, assustadora, mas também hilariante e divertida. E vivemos todos muito pouco. Mas até agora não estou a dizer nada de novo, sou um mero recém-adulto, ainda com tiques de adolescência e com muito da vida para descobrir e aprender. 
Quanto a tudo de deprimente que já escrevi, foram no geral, textos amorosos. Tudo o resto, era eu a "fingir" que estava deprimente. 

Mas escrevo para mim. Para mim e para os milhares de homenzinhos que habitam e controlam a minha cabeça. Portanto posso dizer que tenho uma multidão de seguidores. E o que escrevo para mim, é alucinado, excêntrico, disparatado - sublinho o para mim atrás - e hilariante. 

Agora textos corta pulsos, não, desisto. Se os escrever, estarei a fingir. Detesto. Uma pessoa chega ao seu limite a determinada altura. Não tenho cabeça para isso. Leio alguns, sim, mas escrever, não. A vida é uma puta, mas é uma puta engraçada. Dá para nos divertirmos. E acabamos todos por ser meros peões no meio disto tudo, num jogo qualquer, que parece não ter sentido. 
O tempo, pelo menos para a minha pessoa, isto é, para mim, não para uma pessoa que eu detenha como escrava, porque isso é proibido, sempre passou a uma velocidade tremenda. Um dia, sempre pareceu uma semana. E uma semana sempre pareceu um dia. E aprendi nos últimos tempos, mais do que esperava ter que aprender num tão curto espaço de tempo, que a vida continua, e que não a devemos desperdiçar a escrever sobre o quão deprimentes e miseráveis somos. Temos o nosso mundinho para nos queixarmos e chorarmos. Mas apenas o suficiente, depois é seguir em frente e dar umas boas gargalhadas. 
Acabamos todos por ser uns ingratos, egoístas e deprimentes, em determinado momento da nossa vida. Mas só fica assim muito tempo quem quer.
Eu não quero. 
Portanto, vou escrever sobre heróis, que só o eram, porque usavam bigode, sobre pais que chegavam em cestos às casas dos filhos e pouco ou nada sobre histórias de amor. Isso já há quem escreva aos molhos. 
Resumidamente, vou continuar a escrever para mim, e dizer adeus a escrita corta-pulsos sentida. Fingida, talvez, mas só se começar a ficar desesperado por leitores. 

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