segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Títulos em estrangeiro resultam melhor.

Resultam pois.
Comecei há pouco tempo a rever uma série que fala sobre um escritor amargurado com a vida, extremamente deprimido, que se refugia na bebida e num mar de mulheres que se atiram por tudo e por nada, quase que gritando "yo quero vida lôca" - um texto sem referências ao extraordinário single de sucesso da Fanny, simplesmente não faria sentido -, e num estado de espírito quero lá saber, faço o que quero. Falo de Californication. Não me mijei literalmente a rir mas acho a série hilariante e de facto tem os seus momentos de sabedoria, bons para aprendermos e estudarmos para a vida. Hilariante, porque roça ao ridículo. Tenho pena do fígado do homem, que já não servirá de muito para transplantes ilegais, tenho pena do próprio homem, que por trás da imagem de um homem "eu sou o melhor e estou me nas tintas para tudo" está um homem desiludido consigo próprio, que se odeia, por ter lixado tudo com a mulher que ama. A série tem os seus momentos de extrema sabedoria e toca sempre no amor. É um tema fácil, constante, depressivo e hilariante, que acaba por fazer girar o mundo de braços dados com as mulheres e com o dinheiro. Os três grandes vícios. Homens atrás de mulheres. O contrário também acontece mas só com as que ainda não percebem o poder que tem nas mãos e entre as pernas.
A palavra solteiro pode para alguns parecer assustadora. Mas só parece. Não nos vai levar para um beco e encher-nos de porrada, como se pertencesse a uma máfia italiana, ou mesmo a uma máfia à portuguesa, muito mais perigosa, onde "le patron", o padrinho, é uma avó que está protegida pela imagem de cozinheira de magnificos bolos e que na realidade não terá problemas nenhuns em roubar-te o teu fígado e outros orgãos enquanto o possível leitor estiver a dormir. Nestas lides, a mulher é uma veterana inquestionável. Mas só parece. Porrada é uma excelente palavra como cagalhão, mas não vamos falar disso.
Hank Moody, a fucking star da série, prova-nos que estar solteiro não é nada assustador, e que através de figuras ridículas, de bebidas atrás de bebidas, de cigarros atrás de cigarros, de cara carrancuda e com ódio a nós próprios, ser solteiro pode mesmo significar gajas atrás de gajas, que no final do dia não irão significar nada mais do que bons momentos de trinta, quarenta minutos, mas que rapidamente se irão evaporar, porque o que nós queremos é alguém para nos dar na cabeça, para nos ouvir, para nos entreter com problemas, para nos salvar dos nossos problemas e para ser o nosso refugio deste mundo da treta que toda a gente continua a insistir que é engraçado.
Dito isto, a série tem os seus momentos e dá para se ver bem.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E agora?

Onde andam palavras, que vinham e vinham, e que agora não aparecem?
Acabou? Talvez por agora mas depois haverá mais.
Se aparecem, são escassas, sem sentido, frias, sem articulação.
O pretensioso que queria ser cronista aprendeu o seu lugar?
Percebo. Os melhores momentos de escrita surgem acompanhados com pseudas e falsas depressões, com súbitos ataques de caganeira ou com as musas. As musas que não sabem que o são.
No entanto, de momento não há nada. Só fingimento e esse já não chega.
E agora?

Pois. A perigosa, a temida, a evitada viagem.
Um regresso ao que se era no passado, com toques e tiques do futuro.
Liga-se o DeLorean e segue-se em frente.
Um último deslumbre do que foi, um analisar do que podia ter sido, um retomar do que antes era.
Um novo começo ou uma simples continuação.
Parte seguiu, parte renasceu, parte acordou, parte morreu.
Não é propriamente o fim. Pois não se cede, não se pode. 
Mas há vida.
Deixemos de lado a observação.

Desinspiração. 



domingo, 12 de agosto de 2012

Festas de aldeia

A Banda faz intervalo e deixa a tocar A Garagem da minha vizinha, do mítico Quim Barreiros, o espólio da música nacional, imprescindível em festas de aldeia. Também imprescindivel em festas de aldeia, porrada.
Vejo rapariga. Sorrio. De forma sedutora. Acho eu, não sei bem, estou com dois copos na mão. Marcha um, marcha o outro, marcha apalpão no traseiro da rapariga. Marcha soco. Não da rapariga, mas de um sujeito que aparece a espumar de raiva entre a multidão.
Atira uma garrafa que falha o alvo e acerta num caixote de lixo. Pensa o sujeito: tareia para cima dele.
Resultado: Ressaca, dente rachado, olho inchado, nariz a sangrar.
Está na altura de ir embora e dormir. Chega de brincar aos campónios.

sábado, 4 de agosto de 2012

Jogo de repetições.

Atenção: muitos dos textos publicados neste blogue, são meros devaneios, muito fingidos e acima de tudo, um jogo de "partir pedra". Portanto o possível leitor não se admire se encontrar algo pouco original ou algo que já encontrou de outras formas noutros lugares. Não lhe prometo novidade. Prometo devaneios. Pensando melhor, não lhe prometo nada. Digo só que gosto de me fingir de moralista. Gosto de fingir.
Dito isto, passemos à frente.

Não sei tudo o que há a saber, nem metade da metade da metade da metade de tudo o que há para saber. Resumindo e baralhando, pouco sei, mas vou falar como se muito soubesse.
Estou farto de férias. O possível leitor está agora chocado. Ou então está indiferente. Não sei, não o conheço. Estou a falar sozinho, como já disse anteriormente, mas de uma forma que ninguém julga louca e que se for bem sucedida até aplaude e elogia. Mas sim, estou farto. Estou farto de não ter rotina, farto de descansar. Não só estou farto como não irei descansar mais nada até recomeçar a vida de universitário e até às próximas férias porque a vida assim o decidiu.
Mas agora façamos um jogo de suposições, porque é algo que gosto muito.

Imagine-se com tudo. Sorria. Aproveite bem o momento.
Agora ficou sem nada. Porquê? Malandrices da vida.
Sente-se triste? abatido? Provavelmente não, porque está distanciado e só está a imaginar, ou simplesmente a ler. Mas vamos supor que sim.
Pode deprimir por uns momentos.
Leve o seu tempo.
Mais um pouco.
Terminou. Saia do chão. Está a fazer uma figura ridícula. Ninguém gosta de pessoas deprimidas. São chatas e só falam do mesmo assunto. Ganhe coragem.
Sente-se numa cadeira. Pense um bocadinho. Já passou algum tempo, pode reflectir com um certo distanciamento as coisas e tudo o que perdeu. Pense nas razões. Sente-se culpado? Ou injustiçado?
Se sente injustiçado, não faça algo do género Conde Monte Cristo, ou Steven Seagal, não tente uma vida de vinganças. Esgota-o por dentro e resulta melhor na ficção. Siga em frente. Se se sente culpado, o mesmo. Aprenda com os erros. Não os repita. A vida é como a História, porque a História está recheada de vida. São ciclos. Tudo se repete, de formas diferentes.
Levanta-se e vá se ver ao espelho. Está com mau aspecto não está?
Dê uma mudança de visual e faça o favor de se alimentar.
Dou-lhe um momento para deitar tudo cá para fora. Insulte quem tem que insultar, parta o que tenha que partir. Não reprima. Perdeu um amor e acha que tem hipóteses de o recuperar? Faça-o com cautela. Ou então não o faça. Não devemos desistir, mas também não nos devemos torturar. A decisão é sua.
Perdeu tudo? Agora vá lá, recupere ou conquiste outras coisas.
A vida continua e não espera por si.
Diz que sabe disso? Não parece.
Ganhe coragem. Levante-se e siga em frente.
Ou então torture-se até ao fim, com esperanças e suposições. A escolha é sua.
De qualquer das formas, vai ser custoso.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Queria ter um porco que soubesse andar de patins

Façamos um pequeno jogo de suposições.
Vamos supor que estamos alterados. Ou pelo menos, que eu estou. O possível leitor certamente está a pensar no perigo que é vir até ao computador, ligar-se às redes sociais e em simultâneo, atacar a escrita, podendo ter devaneios sobre depressões, vida, amores, etc. Aviso desde já, não se preocupe, já comi arroz com carne. Alimentado, posso seguir em frente.
O estado no qual me encontro agora, foi uma simples consequência de três copos de sangria. Não é grave e nada de exacerbado, mas o suficiente para dizer disparates e perder-me com rumores de mim próprio. Se é que isto queira dizer alguma coisa. O possível leitor, deve pensar que sou um fraco no que toca a esta vida universitária de excessos e loucuras. O possível leitor é um nabo. Sou inteligente e poupado. Mais depressa alegre, mais devagar me torno pobre.
E esta pequena alegria, para não lhe chamar bebedeira pois não chega a tanto, bem que podia dar vontade de falar de amores perdidos, erros cometidos, de fazer telefonemas descabidos e comprometedores. Mas não. Dá-me até vontade de relembrar a mais épica pequena alegria que apanhei, no mais que lendário bairro alto, capital da vida boémia lisboeta.
Façamos uma pausa, vou fingir que vou beber café e que quero ter um porco que saiba andar de patins para meu divertimento.

Regressemos da pausa. Imagine-se no bairro alto à espera de um grupo de amigos acompanhado de uma garrafa de vinho. Pronto. Agora imagine que está à espera desse grupo há mais de meia hora. Aborrecido não é? O possível leitor que note que o trato com respeito e dignidade por o tratar por você. Ou simplesmente que o trato assim porque não sei se existe e não tenho grandes confianças consigo. Tudo com o tempo.
Bom, voltando ao bairro alto, imagine agora a garrafa vazia. Parabéns se imaginou, vá à merda se se recusou a imaginar. Peço desculpa a linguagem, mas sou um homem independente, rebelde e recheado de direitos de liberdade de expressão e de mente aberta. Ria-se um pouco. Já chega.
Os amigos chegaram. Finalmente. Vamos supor que traziam consigo cigarros para rir, e que agora estão se todos a rir. Como a vida consegue ser hilariante.
Agora perdeu-se dos amigos.
Encontra um vendedor de óculos de sol, de preferência indiano que só saiba inventar preços mirabolantes ou que só saiba dizer "quer comprá? cinco euro". Agora juntou-se a ele e está a cantar músicas como "I will survive" e ajuda-o a tentar vender óculos.
Diga-lhe adeus, porque a vida continua. A sua sociedade com o indiano acabou. Agora encontrou um restaurante onde está um fadista de cana rachada e vai substitui-lo.
Aplausos. Sinta-se um artista.
Dou-lhe um momento para apreciar.
Acabou.
Agora encontra uma rapariga que lhe pede um cigarro. Fumou uns quantos pelo caminho, mas eram todos implorados ou pedidos. Diz que não tem. Ela pergunta: estás sozinho? O possível leitor responde: perdi os meus amigos. Ela diz: então vem comigo.
Está numa casa com estranhos e com uma rapariga, agradável à vista, mas de pensamentos obtusos. Divirta-se um pouco.
E é isto.
Agora vai comprar um hambúrguer. É assaltado por um moço, boina na tola, dente de ouro, que possivelmente não tinha, mas passa a ter, calças ao fundo do cu, como marca de disponibilidade no mundo da prisão, e de faca no punho. Volte a casa, a noite morreu.

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