quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O regresso do que ainda não Partiu (e uma outra história)

Sentado numa velha cadeira de rodinhas, escondido e à socapa no meu local de trabalho, regresso, como uma sequela de um clássico com 20 anos, ao universo dos blogues.

É um regresso inesperado, que não estava previsto nas estrelas, mas que tem sido muito esperado pelos meus fieis 14 seguidores. Os meus sempre fieis apóstolos.

É sabido, ou sei eu, que as minhas fases de actividade literária, de ataque compulsivo à escrita são intensas mas escassas.
Nos últimos tempos, tenho tentado combater a preguiça e tenho tentado a técnica de compilação. Isto é, tenho reunido os meus desabafos e pensamentos irregulares para mais tarde lançar, não em forma de livro, porque não são dignos de tal aventura mas sim em posts de blog, como fazem os menos e mais talentosos, em forma de diário público.

E aqui começo, agora, em prosa nunca em poesia.
Depois do anúncio, passa-se à execução.

Um irresponsável em terras de adultos

A minha entrada no mundo de trabalho foi atroz, bruta e sobretudo inesperada.
Como todos nós, recém-quase-licenciados, sem cunhas no mundo da nossa profissão de sonho, procedi à dança detestável mas essencial na nossa vida - o envio de currículos e de candidaturas. "Jovem de 21 anos procura receber fortuna por 2 horas semanais de trabalho."

Começamos sempre da mesma forma. Um currículo para o local onde queremos mesmo trabalhar ou estagiar, para aquele local de sonho. Depois desses primeiros quatro, cinco currículos, normalmente e infelizmente sem resposta, rendemos-nos ao desespero e disparamos em todas as direcções.

Eu tive sorte, porque ao fim de 78 tentativas e de 2 meses de espera, fui chamado para algo que nem sequer tinha tentado procurar: um estágio.
Porque verdade seja dita, fui ambicioso. No mundo de desempregados e de trabalho de exploração, quis logo o lugar efectivo por questões financeiras. Mas da questão financeira atravessou-se para a questão de carreira. E a aceitação de estágio foi um acto de puro desespero.
E foi o desespero que me trouxe ao mundo dos vivos. Desespero e sorte.

À equipa da SÁBADO me juntei, sem perspectivas nem ilusões de futuro. A convite e alguma (mas pequena) cunha, fui chamado para recuperar o histórico do site e para me tornar, contra a minha vontade e ambição, repórter de imagem e editor de vídeo.

Cedo percebi que não há horários, há café a borla. Que não há descanso, há café à borla. Que há responsabilidade e há café à borla...que há café à borla e um bocadinho de orgulho.
Orgulho sobretudo da família, das tias que ligaram histéricas a dar os parabéns, das avós que se comportam como se eu tivesse vencido o Festival da Eurovisão, dos pais, que começaram a tratar-me como o filho que os pode levar a jantar. Percebi também que, mais importante que tudo, há um objectivo.

E quase que ainda mais importante que isso, há um aprofundar de capacidades e há uma fuga da moleza caseira.

Contra todas as minhas previsões e vontades, o factor carreira ultrapassou o factor monetário.

Pelo menos por agora,

A ver vamos.

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