quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cinema, Je t'aime.

Quem corre por gosto cansa mas continua.
 Comecei esta vida há cerca de seis anos, de fazer vídeos, de gravar músicas, de escrever (tudo junto e resumido resulta em como lhes chamam os convencidos em “Arte”), e foi nessa altura que me apercebi de que era isto que queria fazer para o resto dos meus dias. Grande parte das pessoas chega ao final da vida sem ter a mais pequena ideia do que quer fazer da vida, enquanto outras, felizardas ou não, sentem-no no seu instinto assim que se apercebem de que são pessoas. Eu sou um desses sortudos.
 No entanto, façamos um background. Antes de decidir que queria meter-me nesta vida de Cinema e de Música, eu quis ser polícia, actor, cantor, realizador, editor, futebolista, treinador de futebol, produtor, bombeiro, marinheiro, soldado, segurança, canalizador, secretário, líder de uma grande empresa, banqueiro, etc. Dia novo, profissão nova.
E confesso, que ainda hoje, quero ter uma profissão nova todos os dias. É um desejo tão violento e insaciável, aliado a um medo de cair numa rotina sem gargalhadas e tema de conversa, que se apodera de mim desde que me conheço como pessoa. Tenho lutado toda a minha curta vida para não terminar os dias a olhar para o mesmo ecrã, para a mesma sala, para a mesma vida. Quero inovar. Quero fazer tudo.
Infelizmente, tal é impossível.
Agora imaginem, que estavam na minha posição e que de repente vos diziam que: é possível, que podem ter acesso a tudo, nem que seja a um pequeno deslumbre do que tanto anseiam e precisam como precisam de oxigénio para viver. Aceitavam?
 Pois bem.Cinema. Onde a magia se torna real. Onde qualquer um pode ser arquitecto, jogador da bola, nem que por escassos momentos, sem aprender propriamente o ofício, mas adquirindo um pouco do mesmo, o suficiente para nos deixar parcialmente satisfeitos. Onde brincamos aos Deuses, criamos mundos e criamos vidas, que serão imortalizadas, passadas de geração em geração, ou então perdidas no tempo, mas relembradas por nós. Onde o impossível se torna possível e vice-versa. Onde damos outro sentido à realidade, onde nos abstraímos da realidade. Onde o fingimento é aclamado e onde ser parvo é aceite como talento.
Garanto no entanto, que esta minha infeliz e fraca ode ao Cinema não deixa impune os seus vírus e as suas lacunas. É um mundo sem precedentes e maravilhoso que é explorado por snobes, por teorias que não passam de teorias, pelos que se chamam de artistas e não o são, pelos que só querem lucrar,  por críticos que criticam os clichés esquecendo que os clichés fazem parte da nossa vida e que usam clichés enquanto criticam, que se esquecem que não sabem nada de Cinema, porque ninguém sabe.
Cinema não se sabe, Cinema vive-se. O melhor crítico de cinema é a pessoa que se perde genuinamente no filme, não o que ganha para ser crítico. Esse é só mais um com opiniões.
E o Cinema também me enjoa. Esgota-me. Retira-me vida. Consome-me por dentro. O trabalho pedido, o esforço exigido, a ingratidão que se enfrenta. Num dia somos estrelas, no dia a seguir somos lixo. Todos sabem disso. A experiência só me ensinou três coisas que dificilmente tirarei da minha mente: ninguém trabalha bem e de livre vontade de graça, gerir egos é o mais complicado para se fazer nos bastidores, e fazer filmes a preto e branco saí mais barato e dá menos trabalho. 
Mas aliando o ódio ao amor, são estes os motivos que me levaram a escolher o Cinema como obra e legado da minha curta e insignificante vida. Posso não ser apreciado, posso ser criticado, acusado de banal, de repetitivo, de dizer algo que já foi dito, de fazer algo que já foi feito, lembrando a todos: que tudo já foi dito, agora só recontamos e inovamos, mas que sinceramente, tal não me interessa, pois estarei a ser feliz.
 Cinema, a verdadeira paixão da minha vida.
 O meu amor, o meu ódio,
 o meu ofício, o meu vício.

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