Quem corre por gosto cansa mas continua.
Comecei esta vida há cerca de seis anos, de fazer vídeos, de gravar músicas, de escrever (tudo junto e resumido resulta em como lhes chamam os convencidos em “Arte”), e foi nessa altura que me apercebi de que era isto que queria fazer para o resto dos meus dias.
Grande parte das pessoas chega ao final da vida sem ter a mais pequena ideia do que quer fazer da vida, enquanto outras, felizardas ou não, sentem-no no seu instinto assim que se apercebem de que são pessoas. Eu sou um desses sortudos.
No entanto, façamos um background. Antes de decidir que queria meter-me nesta vida de Cinema e de Música, eu quis ser polícia, actor, cantor, realizador, editor, futebolista, treinador de futebol, produtor, bombeiro, marinheiro, soldado, segurança, canalizador, secretário, líder de uma grande empresa, banqueiro, etc. Dia novo, profissão nova.
E confesso, que ainda hoje, quero ter uma profissão nova todos os dias. É um desejo tão violento e insaciável, aliado a um medo de cair numa rotina sem gargalhadas e tema de conversa, que se apodera de mim desde que me conheço como pessoa. Tenho lutado toda a minha curta vida para não terminar os dias a olhar para o mesmo ecrã, para a mesma sala, para a mesma vida. Quero inovar. Quero fazer tudo.
Infelizmente, tal é impossível.
Agora imaginem, que estavam na minha posição e que de repente vos diziam que: é possível, que podem ter acesso a tudo, nem que seja a um pequeno deslumbre do que tanto anseiam e precisam como precisam de oxigénio para viver. Aceitavam?
Pois bem.Cinema. Onde a magia se torna real. Onde qualquer um pode ser arquitecto, jogador da bola, nem que por escassos momentos, sem aprender propriamente o ofício, mas adquirindo um pouco do mesmo, o suficiente para nos deixar parcialmente satisfeitos. Onde brincamos aos Deuses, criamos mundos e criamos vidas, que serão imortalizadas, passadas de geração em geração, ou então perdidas no tempo, mas relembradas por nós. Onde o impossível se torna possível e vice-versa. Onde damos outro sentido à realidade, onde nos abstraímos da realidade. Onde o fingimento é aclamado e onde ser parvo é aceite como talento.
Pois bem.Cinema. Onde a magia se torna real. Onde qualquer um pode ser arquitecto, jogador da bola, nem que por escassos momentos, sem aprender propriamente o ofício, mas adquirindo um pouco do mesmo, o suficiente para nos deixar parcialmente satisfeitos. Onde brincamos aos Deuses, criamos mundos e criamos vidas, que serão imortalizadas, passadas de geração em geração, ou então perdidas no tempo, mas relembradas por nós. Onde o impossível se torna possível e vice-versa. Onde damos outro sentido à realidade, onde nos abstraímos da realidade. Onde o fingimento é aclamado e onde ser parvo é aceite como talento.
Garanto no entanto, que esta minha infeliz e fraca ode ao Cinema não deixa impune os seus vírus e as suas lacunas. É um mundo sem precedentes e maravilhoso que é explorado por snobes, por teorias que não passam de teorias, pelos que se chamam de artistas e não o são, pelos que só querem lucrar, por críticos que criticam os clichés esquecendo que os clichés fazem parte da nossa vida e que usam clichés enquanto criticam, que se esquecem que não sabem nada de Cinema, porque ninguém sabe.
Cinema não se sabe, Cinema vive-se. O melhor crítico de cinema é a pessoa que se perde genuinamente no filme, não o que ganha para ser crítico. Esse é só mais um com opiniões.
E o Cinema também me enjoa. Esgota-me. Retira-me vida. Consome-me por dentro. O trabalho pedido, o esforço exigido, a ingratidão que se enfrenta. Num dia somos estrelas, no dia a seguir somos lixo. Todos sabem disso. A experiência só me ensinou três coisas que dificilmente tirarei da minha mente: ninguém trabalha bem e de livre vontade de graça, gerir egos é o mais complicado para se fazer nos bastidores, e fazer filmes a preto e branco saí mais barato e dá menos trabalho.
Mas aliando o ódio ao amor, são estes os motivos que me levaram a escolher o Cinema como obra e legado da minha curta e insignificante vida. Posso não ser apreciado, posso ser criticado, acusado de banal, de repetitivo, de dizer algo que já foi dito, de fazer algo que já foi feito, lembrando a todos: que tudo já foi dito, agora só recontamos e inovamos, mas que sinceramente, tal não me interessa, pois estarei a ser feliz.
Cinema, a verdadeira paixão da minha vida.
O meu amor, o meu ódio,
o meu ofício, o meu vício.
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